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'WHEN-WHERE?'

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'HOW?'

(School Editions)

Fri, 05 Jul

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Polo Cultural Gaivotas | Boavista

Escola de Verão AND 2019 (Edição#4) | AND Summer School 2019 (#4 Edition)

Reparar (n)o irreparável: práticas político-afectivas encarnadas, exercícios de escuta sensível e experimentações com as potências dissidentes do amor | Com Fernanda Eugenio e xs artistas/investigadorxs convidadxs: Ana Dinger, Dani d’Emilia, Flora Mariah, Sílvia Pinto Coelho e Cristina Maldonado

Lamentamos, mas as inscrições para este evento foram encerradas.
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Escola de Verão AND 2019 (Edição#4) | AND Summer School 2019 (#4 Edition)
Escola de Verão AND 2019 (Edição#4) | AND Summer School 2019 (#4 Edition)

General Info

05 Jul 2019, 18:00 – 20 Jul 2019, 20:00

Polo Cultural Gaivotas | Boavista, R. Gaivotas 8, 1200-202 Lisboa, Portugal

Details

:::::: A ESCOLA DE VERÃO AND ::::::

[+INFO: info@and-lab.org]

INSCRIÇÕES ATRAVÉS DO PREENCHIMENTO DA FICHA DE INSCRIÇÃO

Caso tenha dúvidas no preenchimento do formulário, queira manifestar interesse ou tenha outras questões, clique no botão “COMO PARTICIPAR” desta página. Entraremos em contacto via e-mail para mais esclarecimentos.

ATENÇÃO: O texto do call é loooongo, MAAAS está TUDO aqui! ROLAR PARA BAIXO para aceder às informações práticas (bolsas, descontos, prazos, alojamento, modalidades de participação, formas de pagamento, etc.). Se persistirem dúvidas, então contactar pelo e-mail acima disponibilizado. 🖤

:::::: APRESENTAÇÃO GERAL ::::::

A Escola de Verão AND acontece anualmente em Lisboa, no mês de Julho, instalando, a cada edição, uma zona temporária de atenção e de investigação experiencial e colectiva, à volta de uma questão transversal, diferente a cada ano.

Ao longo de duas semanas, com uma carga horária de 100h, propomos um espaço-tempo imersivo na troca de procedimentos para a improvisação-criação colectiva e (com)posição-com (d)o comum, tomando o corpo como matéria e tendo o Modo Operativo AND como fio condutor e ferramenta mediadora.

Através da experimentação duracional com o próprio e o alheio, e de exercícios de reciprocidade entre o cuidado de si e o cuidado do entorno, procuramos gerar atenção sobre os processos consequentes através dos quais aquilo que fazemos (e, sobretudo, como o fazemos) nos faz em retorno: gestos, palavras, hábitos, perspectivas, posturas, modulações.

Sem pré-requisitos, um encontro destinado a todxs xs interessadxs na re-materialização de saberes cristalizados em saberes inventivos e situados; na pesquisa de políticas da convivência e numa ética suficiente para o aprender-fazendo, a partir do lugar qualquer.

:::::: A PROPOSTA PARA 2019 ::::::

🖤ESCOLA DE VERÃO AND #4

Reparar (n)o irreparável:

práticas político-afectivas encarnadas, exercícios de escuta sensível e experimentações com as potências dissidentes do amor

🖤5 a 20 de julho de 2019

Polo Cultural das Gaivotas

com Fernanda Eugenio e xs artistas/investigadorxs convidadxs: Ana Dinger, Dani d’Emilia, Flora Mariah, Sílvia Pinto Coelho + interlocução de Cristina Maldonado

A quarta edição da Escola de Verão AND toma, como campo de inquietação, a ferida aberta entre a irreparabilidade fundadora, hegemónica e tendencialmente reiterativa do mundo-como-É, e as (im)possibilidades de dar corpo a um mundo-como-E, através da prática consistente e sustentada de uma ética de reparação.

Como aposta forte de pesquisa e habitação, propomos investigar o amar enquanto gesto de cuidado-curadoria, na dobra entre o íntimo e o político, operando-o através de uma experimentação radical com os limites-tensão da ferramenta central do Modo Operativo AND, o Reparar; do desdobramento de tácticas de (an)coragem no plano da corporeidade; de práticas encarnadas de (auto)etnografia – capazes de (nos) acompanhar (n)a luta político-afectiva pelo que queremos e podemos enquanto comunidades – e de um trabalho microscópico, proximal e firme com as potências dissidentes desta mancha a que chamamos “amor”, ao mesmo tempo difusa e já tão marcada-desgastada, reabrindo-a enquanto força de efectuação do ingovernável, enquanto modo-multiplicidade do inter-ferir e do des-imunizar. Fazer do amor disseminado uma modulação não-reactiva de desobediência civil; um instrumento de regeneração e curadoria colectiva; um exercício de destituição, despossessão e desaprendizagem de comportamentos (auto)opressivos e, ao mesmo tempo, de sintonização pela intersecção e pela obliquidade, pelo impróprio e pelo alheio. Uma força de strangership: de acolhimento do desconforto inevitável implicado nesse esgarçar do possível, do pensável e, sobretudo, do sensível; de acompanhamento no risco e de sustentação do desconhecido-desconhecível. Uma prática de, ao mesmo tempo, se dar e continuar a se ter, conjugando, sem contradição, tanto um questionamento dos habituais contornos da noção de intimidade/privacidade (naquilo em que estes reproduzem a lógica da propriedade privada capitalista) quanto a afirmação da autonomia do corpo e das suas regras imanentes, do seu direito inalienável à singularidade e à (re)invenção.

Fazer do amor disseminado, enfim, simultaneamente um treino comprometido de des-hierarquização da atenção, uma prática situada de justeza e suficiência, uma via de retomada dos territórios expropriados do desejo, das forças invisíveis e do vocabulário sensível para circunscrevê-las e validá-las – a elas e ao plano de afinação em potência no qual o consentimento possa, de facto, cada vez mais, mediar os encontros, sobretudo enquanto um suportar(-se) recíproco, um com-sentir.

Ao propor este espaço-tempo imersivo dedicado à pesquisa experiencial e colectiva do amor enquanto exercício de cuidado-curadoria e, portanto, de eventual trans-formação (reabertura, ultrapassagem e superação da forma), desejamos ainda mergulhar nas vizinhanças infinitesimais e cósmicas do processo de passagem da composição à posição-com: indagar, no corpo e nas sensações, modos concretos de acompanhar, de perto em perto, as demais operações aí implicadas, de decomposição e reposição (reposicionalidade), de disposição (disponibilidade) e de recomposição. De testemunhar os afectos que aí comparecem até à sua dissipação, curando, juntxs, o só, e, sós, o juntxs. Desejamos começar este exercício delicado de curadoria íntimo-política pelo ínfimo gigantesco de cada-umx; compactuar em zonas temporárias de intimidade que possam, cada vez menos, depender do gosto, da eleição, da concordância, da identificação ou do entendimento; seguir, então, em modo distributivo, experimentando, a cada vez, o reencontro possível com o funcionamento da dádiva. Não planear a mudança, nem sequer saber no que deve ou pode consistir. Não mirar o grande objectivo de saltar para um outro mundo (que, deste modo, acabaria por ser um outro mundo-como-É) mas persistir no reabrir da consistência das formas e no acompanhar(-se) nesta passagem. Pois ‘amar jamais é estar juntxs, mas devir juntxs’.

E tudo isto porque investigar modos e tácticas para reparar (n)o irreparável consistirá, talvez, em frequentar este território abismal e aporético no qual reparar chega a coincidir com destruir e matar. E como matar eticamente o sistema não poderia começar de outro modo senão por matá-lo intimamente, numa luta de si para consigo pela descolonização sensível, confrontamo-nos com um compromisso de (auto)cuidado e (auto)amor que implica, radicalmente, pesquisar modos de (não) morrer. À questão disparadora da in-terminável pesquisa a que se dedica o Modo Operativo AND, acerca das políticas da convivência – como viver juntxs? – aglutinam-se, então, indagações emergenciais e cruamente concretas: como morrer juntxs? como viver só? como matar(-se) sem morrer? como encerrar o irreparável ciclo da dívida, feito-facto do saque colonial-capitalista, e (re)entrar no ciclo da dádiva? Como liberar o amor e fazer dele força de libertação para a reparagem-reparação de qualquer relação, reconhecendo que todas as nossas relações são, cada uma à sua maneira, relações de amor (ou que o amor é a forma, talvez a única, da própria relação)? Como activar uma luta amorosa – essa vigília sem tréguas, essa navegação (im)possível e (im)precisa entre a cumplicidade e a reciprocidade? Como tomar coragem e tornar-se ancoragem? Como ver e fazer ver a impermanência das coisas e daí derivar um mundo equânime? Como desintoxicar a percepção e fazer do ver, simultaneamente, um pouco mais e um pouco menos do que a reprodução da cosmovisão hegemónica – na qual ver coincide com saber e opera a ilusão da separabilidade? Como passar do ver ao reparar, que é um ver adensado de presença, um ver encorpado que escuta, que tacteia, fareja e saboreia? Como passar da cosmovisão à cosmosensação e, assim, para um modo de estar atento à inseparabilidade e à delicada quasidade de tudo que é/vai sendo? Como, a partir daí, quase-conseguir uma utopia talvez ainda mais vasta do que a disponibilidade para re-parar (parar de novo ante aquilo que interrompe o nexo do sabido e a aceleração da expectativa): estar pré-parado, no duplo sentido de ir passando do modo desespero ao modo desapego, do modo controle ao modo suporte? Será possível espectrar-se e (des)aparecer, a partir da realização dos próprios fantasmas (tudo aquilo que comparece)? Será possível sintonizar-se com as sensibilidades outras, vegetais e minerais, operando, a cada vez, a des-ilusão da falta, da pressa, do objectivo, da finalidade, do significado, do poder, do protagonismo?

É ISSO, então, que desenha o campo de forças deste encontro: o desejo de exercitar o desmapeamento do amor, de refazê-lo experimentalmente enquanto performação do comparecimento e da implicação; enquanto compromisso encarnado com a tomada de posição equânime e consequente frente ao irreparável. O irreparável: aquele manifesto na porção de incalculável e de indiscernível (de imprevisível e, quiçá, mesmo de inevitável) sempre presente em tudo que há; que não cessa de explicitar o não-saber como condição coincidente com o viver, a pedir por franqueza e a expor a vulnerabilidade radical enquanto atravessamento comum que, ao mesmo tempo, nos une e nos separa - e que só pode mover-nos juntxs em co-passionamento. O irreparável: aquele implicado na irreversibilidade e na incessibilidade do próprio acontecer, que nos lança (a)o desafio de não desistir nem resistir, de não sucumbir à indiferença/impotência nem à intransigência/apego, encontrando, a cada vez, a justa medida da aceitação não-resignada, da presença co-responsiva, do acompanhar(-se) (n)o manejo das consequências emergentes desse desdobrar, sem apelar à narrativa e à criação de coerência, sem pretender controlar. O irreparável: por fim, e sobretudo, aquele que funciona como estruturante do mundo-como-É, assente na irremediável e incompensável operação da usurpação/colonização, que faz do trauma o modo quase unívoco da individuação, assente, no limite, numa proliferação de variadas versões de uma mesma cisão, que separa sujeitxs e sujeitadxs, pervertendo o ciclo da dádiva (vínculo baseado na reciprocidade e no E enquanto conectivo mínimo) em ciclo da dívida (vínculo perverso que se instaura, através da fixação hierárquica de papéis, corrompendo o dar - tornado privilégio de mandar - e o retribuir - tornado obrigação de obedecer - e eliminando a escuta sensível que operaria o receber enquanto gesto situado e singular).

O Modo Operativo AND, nos seus diversos (contra)dispositivos de jogo relacional e de frequentação performativa da reciprocidade, funcionará como ferramenta transversal para esta pesquisa encarnada. Nesta edição da Escola de Verão, concentrar-nos-emos sobretudo nas modulações do MO_AND que se articulam a partir da tomada do corpo enquanto tabuleiro-território: práticas do ANDbodiment desdobradas em jogos de decomposição-reposição e disposição-recomposição e práticas da (auto)etnografia sensorial desdobradas nos jogos do (des)aparecimento, do com(-)parecimento e da impermanência. Aliam-se, ainda, as ferramentas do Metálogo & Co-Operação (Ana Dinger e Fernanda Eugenio), das Práticas de Des-Imunização (Dani d’Emilia e Fernanda Eugenio), da Ternura Radical (Dani d’Emilia), da Raba Power (Flora Mariah) e das Práticas de Atenção & Distracção (Sílvia Pinto Coelho). Existirá também um espaço propositadamente aberto, no final de cada dia de trabalho, para a fala, a escuta e a digestão assistida e a oferta de uma vivência after-hours (opcional), para umx participante a cada vez, do processo The Insider (Cristina Maldonado, com acompanhamento de Fernanda Eugenio).

- Fernanda Eugenio, março/abril de 2019

(em trânsito entre Rio, Curitiba, São Paulo e Brasília)

:::::: PROGRAMA :::::: (sujeito a ajustes)

▪️ 5 de julho, sexta, 18-22h – evento de abertura e recepção dxs participantes, com jantar de convívio (opcional) e apresentação de vídeos-síntese dos labs/escolas AND.

▪️ 6 e 7 de julho, sábado e domingo, 15-20h – Oficina de Introdução ao Modo Operativo AND, com Fernanda Eugenio

▪️ 8 a 12 de julho e 15 a 19 de julho, segunda a sexta, 10 às 13h – práticas regulares de sintonização com ferramentas do Modo Operativo AND, Práticas de Atenção e Raba Power

▪️ 8 a 12 de julho e 15 a 19 de julho, segunda a sexta, 15 às 19h – oficina de desdobramento da questão do ano, com ferramentas do Modo Operativo AND em conversa com Ternura Radical, Práticas de Des-Imunização e Metálogo&Co-operação

▪️ 9 a 11 de julho e 16 a 18 de julho, terça a quinta, 19 às 20h – participação individual em The Insider (actividade opcional)

▪️ 20 de julho – evento de encerramento (organização colectiva e emergente durante o processo do curso)

▪️ Nos dias úteis das duas semanas de trabalho, de 8 a 12 de julho e de 15 a 19 de julho, o intervalo de almoço será entre as 13 e as 15h. O fim-de-semana de 13 e 14 de julho é livre.

:::::: FERRAMENTAS E PRÁTICAS TRABALHADAS NESTA EDIÇÃO ::::::

▪️ MODO OPERATIVO, Fernanda Eugenio

O Modo Operativo AND (MO_AND) consiste numa ética do Re-parar, da Reparagem e da Reparação, sistematizada num conjunto de ferramentas-conceito e de proposições-jogo que, ao mesmo tempo, propõe e propicia: a investigação directa e experiencial dos funcionamentos do Acontecimento e da Relação; a explicitação dos modos de emergência e de sustentação de acontecimentos comuns metaestáveis; a sensibilização às condições de possibilidade contingentes-impermanentes de cada encontro e às consequências políticas dos posicionamentos individuais e/ou colectivos; a afinação das capacidades de distribuição não-hierárquica da atenção e de (re)inventário trajectivo do possível, simultaneamente no plano da auto-observação em acto e no plano do mapeamento da situação envolvente; o treino da disponibilidade à diferença e ao acidente/imprevisto, da comparência atempada, da tomada de decisão situada e da colaboração dissensual; a transferência de protagonismo do sujeito para o acontecimento, ou seja, a prática co-passionada da presença; o exercício de uma equiparação consistente entre autocuidado e cuidado do entorno e entre o discurso proferido e a sua efectuação no fazer; a frequentação exploratória de disposições subjectivas e relacionais dissidentes para a performance íntima e social dos afectos, numa pesquisa de alternativas aos modelos identitários e aos scripts pré-definidos e hierarquizados. O MO_AND apoia-se na activação do (contra)dispositivo do jogo não-competitivo e de regras imanentes como meio para a delimitação provisória de uma zona de atenção colectiva; como simulador de acidentes e como propiciador de uma simultaneidade entre dentro e fora. O recurso ao recorte – o tabuleiro de jogo – permite a instalação de “mundos dentro do mundo” e a exploração de diferentes escalas de menorização/maximização do (in)visível e de redução/ampliação do espaço e do tempo, estimulando o desenvolvimento de uma sensibilidade fractal, atenta e minuciosa às modulações relacionais da reciprocidade (justo meio entre a complementaridade e a simetria) e da suficiência (justo meio entre a eficiência e a desistência).

▪️ METÁLOGO & CO-OPERAÇÃO, Fernanda Eugenio e Ana Dinger

Diferentemente de uma conversa usual, os metálogos recuperam uma operação avançada por Gregory Bateson: o compromisso de tentar que o modo de conversar materialize aquilo que está a ser conversado. No metálogo, procura fazer-se com conceitos ou, se possível, fazer os próprios conceitos, performando modos intensivos de pensar em relação. O esforço é o de presentação e não de representação, no sentido de superar, através do uso, tensões como estrutura/matéria e forma/conteúdo. A questão-problema, a ser manuseada, a cada edição, tem sido extraída do tema oferecido por um evento anfitrião. São, sobretudo, as condições do encontro que se preparam e esse trabalho preparatório (já, muitas vezes, também, metalógico) consiste no mapeamento das vizinhanças do problema e na proposição de ferramentas, materiais, formatos ou interfaces. O metálogo habita diferentes territórios, a cada vez resultando num objecto singular. O programa recorre sem remontar, outro modo de dizer que se repete o procedimento, diferindo a sua materialização.Ensaiando um modo operativo perspectivista, o metálogo percorre a paisagem do problema através de uma táctica da dádiva: o problema ganha corpo através do receber e retribuir de cada tomada de posição recíproca. Insiste-se no metálogo até que a questão inaugural se reformule, por desdobramento, numa outra ou mais questões. A capacidade de distinguir, na duração do encontro percebido como paisagem, as modulações de performatividade que atravessam uma relação será, talvez, um modo de tratar (e treinar) a própria 'performance do encontro' na sua dimensão de consistência (ao invés de privilegiar uma coerência redutora). Esta investigação da co-operação debruça-se, por um lado, no entre-2 como ponto de partida para o entre-mais-do-que-2, e, por outro, na potência da linguagem como (re)formulação de mundo(s).

▪️ PRÁTICAS DE DES-IMUNIZAÇÃO, Fernanda Eugenio e Dani d’Emilia

As Práticas de Des-Imunização partem do campo de afinação entre a Política de Co-Passionamento, experimentada por Fernanda Eugenio com o Modo Operativo AND, e a prática da Ternura Radical proposta pela artista Dani d’Emilia, no âmbito da performance e da pedagogia radical, para pesquisar, no plano da corporeidade, possíveis percursos para a activação de modulações não-hierárquicas e disseminadas do amor e do amar, experimentando a sua liberação de conformações pré-definidas e a sua operatividade enquanto força de sintonização capaz de prescindir da lógica da (des)identificação e do (des)entendimento para abrir-se em disponibilidade, comparência, escuta, engajamento e presença. Esta colaboração ancora-se no desejo de experimentar procedimentos relacionais e práticas político-afectivas encarnadas para a trans-formação social, explorando a dobra entre os modos da vinculação proximal e aqueles que poderão operar, por emergência, mudanças sensíveis no colectivo; sondando, assim, possíveis caminhos para a retomada de territórios afectivos imunizados pelos mecanismos da indiferença ou pelo fechamento identitário. Des-imunizar ao outro (cum, o outro; o além de mim), experienciar a relação como dádiva (munus). Fazer no/do corpo coragem para se implicar, a cada vez, no (re)fazer comum. Os procedimentos e as proposições vivenciais procuram criar um ambiente de confiança, acolhimento e franqueza – no qual o cuidado possa crescer na proporção do risco – e envolvem circuitos sensoriais e micro-scripts performativos para serem vividos em duplas, trios ou em pequenos grupos, circunscrevendo zonas temporárias de intimidade com o desconhecido e o desconhecível e convidando a experimentar estados de vulnerabilização deliberada e de elasticidade variável da (im)permeabilidade e do (des)conforto.

▪️ TERNURA RADICAL, Dani d’Emilia

Este trabalho explora a co-produção de conhecimento crítico e imaginação política através de linguagens que vão além dos âmbitos racionais e discursivos. Trabalhamos a partir do corpo, investigando nossa capacidade de perceber outrxs através de múltiplos sentidos e modos de conhecer, habitando as contradições, incoerências e vulnerabilidades que surgem ao ousarmos borrar fronteiras entre noções como identidade e alteridade, individualidade e colectividade, tensão e confiança. Combinando a performance-pedagogia (práticas de performance/arte como processo pedagógico de desaprendizagem e criação) e a ternura radical (resistência político-poética tecida no exercício do activismo ‘para dentro e para fora’) com perspectivas transfeministas e decoloniais (interrogando legados patriarcais e coloniais em nossas corpo-subjetividades), este trabalho investiga possibilidades de nutrir alianças político-afectivas que levem em conta, e ao mesmo tempo tentem não reproduzir, diferentes formas de violência inerentes à nossa construção como sujeitos políticos. Situando-nos no, e para além do, paradoxo entre identificação e desidentificação, experimentamos modos de alimentar nossa pulsão vital no encontro entre nossos corpos passados e presentes, e os estranhos gérmens que carregamos dos (im)possíveis mundos por vir.

▪️ RABA POWER, Flora Mariah

A RABA é um projeto de investigação e partilha de diferentes técnicas e abordagens sobre mobilidade pélvica, sexualidade e auto-aceitação. Com alguns exercícios técnicos, a ajuda de práticas somáticas e muita ralação de raba, trabalhamos a mobilidade pélvica entendendo essa região de forma integrada em relação ao resto do corpo. Ao ativar a região pélvica através do movimento, ativamos também muitas camadas psíquicas, culturais e sociais do nosso corpo, e podemos nos deparar com velhos padrões, dores e amarras ali cristalizados de tal forma a dificultar, e até mesmo a impedir a passagem de importantes fluxos energéticos. Acontece que o lugar onde encontramos aquilo que dói e incomoda, é também o lugar onde podemos encontrar nossa força, ou seja, é dentro da própria ferida que encontramos a sabedoria para curá-la. A RABA é então um convite a fazer esse mergulho juntxs, e a embarcar num processo de descobertas sobre si e de resgate no prazer com o próprio corpo. Numa sociedade onde a sexualidade da mulher ainda é vigiada pelo patriarcado, é importante entender que rebolar a RABA se torna também um ato de resistência política, então vamos aos poucos desmoralizando e descolonizando nossa sexualidade, entendendo esse exercício também como produtor de saúde. Vale lembrar que todas as RABAS são bem-vindas, porque todxs se beneficiam num ambiente com mulheres empoderadas.

▪️ PRÁTICAS DE ATENÇÃO & DISTRACÇÃO, Silvia Pinto Coelho

A oficina de Práticas de Atenção & Distracção funciona como campo de afinação sensível, um modo de proporcionar o espaço-tempo para uma prática do Modo Operativo AND. A sensibilidade filigranar das práticas de atenção de Sílvia Pinto Coelho é herdeira de uma série de práticas de dança e de práticas somáticas. O foco na “atenção”, ou na atenção à atenção e aos vários sentidos, proporciona a autonomia da escolha atenta como postura estética e política. Isto é, uma partilha sensível feita a partir da ginástica da atenção às escolhas perceptivas. Grande parte dos exercícios propostos estão organizados em torno da visão, da ideia de ver e de não ver e do que se vê quando se altera o modo de ver. Este trabalho permite que outras camadas de complexidade surjam a partir da estrutura inicial oferecida no workshop intensivo de introdução ao MO_AND. Habitar um campo constituído envolve um processo de ajuste delicado e re-situado, em cada etapa, para encontrar uma implicação. Qualquer coisa como olear e afinar a máquina enquanto a usamos, num cuidadoso trabalho de sintonização. Por vezes, este processo já co-habita connosco há muito tempo. A escolha sensível escondida na vida de todos os dias parece elidir miríades de posturas e posições ético-estéticas que gostaríamos de experimentar atentamente.

▪️ THE INSIDER, Cristina Maldonado

The Insider é uma performance one-to-one em processo de criação, com acompanhamento de Fernanda Eugenio, que explora as possibilidades de adentrar no mundo/perspectivas de outrxs como forma de investigar as relações entre simulação e empatia. O dispositivo físico-interativo-sensório em construção para The Insider será partilhado de modo experimental, como actividade opcional oferecido a um participante a cada vez, em modo vivência after-hours (após as sessões de cada dia). “Are you able to enter somebody else’s world without simulating empathy? What is empathy without simulation and who is the »Insider«? In most of the VR-experiences, the audience member is immersed in a virtual world, displaced from immediate physical reality and loosing awareness of the body and surrounding environment. Insider plays with the opposite approach - VR is used to displace the viewer to intensify the experience of physical reality. The sense of touch places the viewer back to the reality where the sensory experience is part of a virtual realness.”

:::::: VAGAS, VALORES, BOLSAS E DESCONTOS ::::::

Número total de vagas: 20

Custo integral do curso: 700 €

Para quem NÃO PODE PAGAR* o valor completo, oferecemos os seguintes descontos e bolsas:

🖤 DESCONTO PARA INSCRIÇÕES ANTECIPADAS:

▪️ FAIXA#1, até 15 de Maio: 700-200 = 500€

▪️ FAIXA#2, até 15 de Junho: 700-100 = 600€

🖤 DESCONTO PARA REDE DE AMIGXS DO AND LAB

▪️ 3 vagas estão reservadas para a Rede de Amigxs do AND Lab, subtraindo o valor doado através de assinatura anual ao custo de inscrição na Escola de Verão. Para mais informações, consultar https://www.and-lab.org/rededeamigxs

🖤 BOLSA -50% ESTUDANTES, PARCEIRXS e PRATICANTES DO MO_AND

▪️ 5 VAGAS -50% (700-350 = 350€)

Para estudantes, pessoas vinculadas a colectivos/estruturas parceiras do AND Lab, praticantes regulares do MO_AND e/ou participantes em edições anteriores das Escolas e Laboratórios de Verão AND. A prioridade é dada a participantes oriundos de países fora da Zona Euro que acarretam com os gastos adicionais de uma viagem internacional e/ou de conversão de outras moedas para o euro.

🖤 BOLSA - 80% INTERSECCIONALIDADES

▪️ 5 vagas -80% (700-550 = 150€):

▪️ 3 VAGAS para residentes em Lisboa ou arredores

Esta modalidade de bolsa foi pensada como modo de ampliar o acesso a participantes locais que não dispõem de condições financeiras para arcar com valor total do curso mas compartilham o desejo de criação de um grupo interseccional à volta de práticas político-afectivas encarnadas, que possa instalar-se na paisagem da cidade para um trabalho continuado e regular. O desejo e a disponibilidade para desdobrar o trabalho iniciado nesta escola de verão é, portanto, condição para solicitar a atribuição desta bolsa. Daremos prioridade a pessoas vulnerabilizadas por interseccões de raça, género, orientação sexual, origem social/nacional e corporalidades dissidentes.

▪️ 2 VAGAS para residentes fora de Portugal.

Esta bolsa contempla pessoas que, não podendo vir a fazer parte do grupo de prática regular que desejamos formar, por não residirem em Lisboa, ainda assim se encontram vulnerabilizadas por diversos atravessamentos sócio-culturais e políticos. Daremos prioridade a participantes oriundos/residentes de/em países da América do Sul, América Latina e África.

*ATENÇÃO:

▪️ Pedimos que cada solicitante pondere, com franqueza e generosidade, as suas possibilidades e, ainda que se enquadre numa modalidade de desconto/bolsa, considere pagar o valor completo. Este gesto, se viável, contribui para a viabilização da participação de outrxs em situação mais vulnerável; para a justa remuneração dxs que trabalham na realização da escola; e para a manutenção mínima das condições de existência do próprio AND Lab, que é uma estrutura artesanal e sem apoios estruturais. (Embora o AND Lab conte, este ano, com um apoio pontual da dg-artes, a escola de verão integra o projecto enquanto actividade geradora de receitas, pelo que se sustenta, como tem sido desde a sua primeira edição, somente com o valor arrecadado através das inscrições).

▪️ Para quem deseja participar e o pagamento do valor integral se revele impossível, e/ou não se enquadre nas situações de desconto/bolsa previstas acima, estamos disponíveis para pensarmos juntxs num justo meio (por favor contactar por e-mail).

▪️ Aviso relativo a condições de acessibilidade: o Polo Cultural das Gaivotas não está equipado para receber pessoas que necessitem de cadeira de rodas. Para outras situações de diversidade funcional que seja relevante considerar na relação com práticas propostas no curso, estamos disponíveis para pensarmos juntxs as adaptações possíveis/necessárias (por favor contactar por e-mail).

:::::: FORMAS DE PAGAMENTO E CONFIRMAÇÃO DA INSCRIÇÃO ::::::

▪️ As vagas com descontos e/ou bolsa só são consideradas preenchidas quando confirmadas as inscrições. As inscrições só são efectivadas após envio de comprovativo de pagamento.

▪️ PARCELAMENTO DOS VALORES: as inscrições podem ser pagas em duas prestações, com a condição de estarem inteiramente liquidadas até à data de início do curso.

▪️ MODO DE PAGAMENTO: cartão de crédito, transferência bancária ou sistema PayPal. Para residentes na Europa, é possível pagar com cartão de débito.

:::::: ALOJAMENTO EM LISBOA ::::::

Este ano dispomos de 10 bolsas de alojamento nas residências artísticas do Polo Cultural Gaivotas-Boavista, em regime de quarto partilhado em apartamento com cozinha e casa de banho. As vagas destinam-se exclusivamente a participantes estrangeiros não-residentes em Lisboa e são atribuídas por ordem de inscrição. Este benefício pode ser acumulado com outros descontos/bolsas, enquanto houver vagas.

:::::: PARTICIPAÇÃO PARCIAL::::::

▪️ Participação apenas na Oficina Intro MO_AND (6 e 7 de julho, carga horária 10h) >> valor, 60€

▪️ Não estão previstas outras modalidades de participação parcial, pois o curso foi pensado como uma experiência imersiva-intensiva, que dá prioridade à participação integral. Excepções podem ser consideradas, dependendo das condições (por favor contactar por e-mail).

:::::: OBSERVAÇÕES ::::::

▪️ LÍNGUA: O curso será dado principalmente em português, com o recurso, sempre que possível, a hibridismos linguísticos vários e a traduções parciais, colaborativas e em acto (sem a pretensão da exactidão e/ou de dar conta de TUDO o que for dito), usando as habilidades precárias e imprecisas de que dispusermos enquanto grupo. Dentre xs proponentes do curso, podemos oferecer contributos em inglês, espanhol, italiano e francês; a isto soma-se também o estímulo a todxs xs participantes para que se juntem a nós num exercício colectivo de escuta e num esforço de experimentar os (i)limites do que pode ser traduzido: seja com a inclusão de contribuições nas línguas que em algum grau manejam; seja também na experimentação de vias alternativas para sintonizar sem necessariamente entender; seja, por fim e em suma, no cuidado colectivo deste desafio da compreensão recíproca (tanto dentro de uma mesma língua como entre-línguas), experimentando também a desestabilização do lugar privilegiado da comunicação verbal, lidando do modo mais explícito que pudermos com as doses consideráveis de pressupostos capacitistas que muitas vezes nos chegam embutidas no uso das línguas ditas francas (que quase sempre não são francas mas sim hegemónicas).

▪️ POLÍTICA DE DESISTÊNCIAS: Até 30 dias antes do início do curso, devolução de 50% do valor pago. Após este prazo, não há devolução.

▪️ CERTIFICADOS, DECLARAÇÕES, CARTAS DE ACEITAÇÃO: Serão emitidos certificados de participação e frequência. Se for preciso, o AND Lab redige declaração/carta de aceitação para participantes que se candidatem a financiamentos nos seus países de origem e/ou para fins de obtenção de visto para entrada em Portugal.

:::::: EQUIPA ESCOLA DE VERÃO AND #4 ::::::

▪️ Concepção e Coordenação: Fernanda Eugenio

▪️ Artistas/investigadorxs convidadxs: Ana Dinger, Dani d’Emilia, Flora Mariah, Sílvia Pinto Coelho, Cristina Maldonado

▪️ Cuidado e Preparação in situ: Ana Dinger, Dani d’Emilia, Fernanda Eugenio, Flora Mariah, Isabella Gonçalves

▪️ Design e Comunicação: Alexandre Eugenio

▪️ Documentação Audiovisual: a definir

▪️ Contabilidade: Sílvia Guerra

▪️ Residências de Investigação Associadas: Práticas de Des-Imunização (Roundabout.lx, Lisboa, set-nov 2018; Fernanda Eugenio & Dani d’Emilia); Residência de Investigação-Criação Do Irreparável I (Latoaria, Lisboa, dez 2018; Fernanda Eugenio & Ana Dinger); AND Cuidado (Vale das Princesas, Petrópolis, Jan 2019; Fernanda Eugenio & Iacã Macerata); MO_AND+Movimento Autêntico (Sesc Copacabana, Rio de Janeiro, fev 2019; Fernanda Eugenio, Soraya Jorge, Guto Macedo e Naiá Delion); MO_AND, Metálogo, Arrumação e ANDbodiment (Casa Quatro Ventos, Curitiba, mar 2019; Fernanda Eugenio, Ana Dinger, Francisco Gaspar Neto e Milene Duenha); MO_AND e Práticas Somáticas (Leviatã, São Paulo, mar 2019; Fernanda Eugenio, Ana Dinger, Naiá Delion e Patrícia Bergantin); MO_AND+Práticas de Des-Imunização (Mira Artes Performativas, Porto, abr 2019; Fernanda Eugenio, Ana Dinger e Dani d’Emilia); Residencia de Investigação-Criação Do Irreparável II (Latoaria, Lisboa, mai 2019; Fernanda Eugenio, Ana Dinger, Dani d’Emilia, Flora Mariah e Sílvia Pinto Coelho)

▪️ Projecto de criação associado: “Metálogo #6 | os modos do irreparável”, de Fernanda Eugenio & Ana Dinger

▪️ “The Insider” é apoiado pelo Fondo Nacional de la Cultura y de las Artes (México)

▪️ Apoio não-financeiro: CML Polo Cultural Gaivotas-Boavista

▪️ Esta edição da Escola de Verão AND insere-se no programa “AND Lab 2019 | Do Irreparável: o que pode uma ética de reparação?”, que conta com o apoio da Dg-Artes/República Portuguesa.

INSCRIÇÕES ATRAVÉS DO PREENCHIMENTO DA FICHA DE INSCRIÇÃO

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