INVESTIGAÇÕES RELACIONADAS
Esta secção é composta por textos e materiais escritos pelos próprios investigadores, mantendo o estilo e a grafia originais. Os conteúdos são disponibilizados à medida que vão sendo enviados ao AND Lab.

ALINA DUCHROW
ANA CATARINA REAL
ANA DINGER
ANDREA TORRES VIEDMA
ANNA MAROCCO
ARLETTE SOUZA E SOUZA
CAIO DE CASTILHO
CAIO MONZAK
CAROLINA DE NADAI
CATARINA RESENDE
CINIRA D'ALVA
COLETIVO CORPOSIÇÕES
CRISTINA MALDONADO
DIEGO BAFFI
FERNANDO MARQUES FINAMOR
FLORA MARIAH
FRANCISCA CRISÓSTOMO LOPES
FRANCISCO GASPAR NETO
IACÃ MACERATA
JOANA MAIA
JULIANA LICONTI
LILIAN GIL
LIRIA MORAIS
MARCIA GOBATTO
MARIANA BORGES
MARIANA FERREIRA
MARLON LIMA
MILENE LOPES DUENHA
NAIÁ DELION
RENATA ROEL
RUAN ROCHA
SILVIA PINTO COELHO
SORAYA JORGE
VINICIUS MEDEIROS
ANA DINGER
PLAY, DISPLAY, REPLAY: modos de continuidade de um trabalho de pesquisa performativo, AND
Doutoramento, iniciado em 2012
Universidade Católica de Portugal, CECC, Programa Estudos de Cultura, Lisbon Consortium & Freie Universität Berlin, Institut für Theaterwissenshaft
(orientação de Isabel Capeloa Gil & Gabriele Brandstetter)
Este projecto de doutoramento teve como ponto de partida investigar os modos de continuidade, nomeadamente processos metonímicos, através dos quais os trabalhos ou pesquisas, de enquadramento artístico e de cariz performativo, se constroem e disseminam numa extensão temporal (que implica, na maioria das vezes, ou talvez sempre, uma extensão também espacial-geográfica). A imersão, continuada, nos cursos e workshops do Modo Operativo AND, levou à decisão (por des-cisão) de usar este trabalho como objecto, como caso de estudo e como ferramenta/ abordagem metodológica (entendendo método como modo de fazer-pensar e filosofia ou criticalidade habitada). A tese é escrita sobre, com e através do MO_AND. Vários conceitos são colocados em conversa nas três secções que com-põem a estrutura da tese, tais como tradutabilidade (como contracção entre tradução e habilidade) e espectralidade (como forma de hospitalidade). O título acima colocado é provisório. O uso da formulação inicial em língua inglesa deve-se ao facto de que a tese será redigida nessa língua.
ARLETTE SOUZA E SOUZA
A mente incorporada e a integração conceitual no Modo Operativo AND
Dissertação de Mestrado, 2017
Universidade do Estado de Sanra Catarina | Programa de Pós-Graduação em Teatro, Linha de pesquisa Linguagens Cênicas, Corpo e Subjetividade.
(orientação Fátima Costa de Lima; co-orientação Sandra Meyer Nunes)
A dissertação trata das articulações entre minha prática com o Modo Operativo AND (MO_AND) e algumas ideias da filosofia, psicologia e linguística cognitivas. Em 2013, Fernanda Eugénio e João Fiadeiro me apresentaram o MO_ AND como um processo de criação coletiva, onde o sujeito participa da construção do acontecimento, mas não como protagonista, sendo este o papel da ação em si. Durante a experiência com o MO_AND, é necessário observar e inventariar as propriedades e as possibilidades do acontecimento. Associo este processo de entendimento ou de percepção, aos conceitos de mente incorporada e ação incorporada, a partir de autores das ciências cognitivas, como George Lakoff, Mark Johnson, Francisco Varela, Eleanor Rosch e Evan Thompson. No intuito de me aprofundar, tanto na prática como nos fundamentos do MO_AND, também relaciono outros conceitos das ciências cognitivas como atenção plena e integração conceitual com o processo de manuseamento de imagens mentais do MO_AND, especialmente durante as escalas laboratoriais, chamadas de escala maquete e escala corpo.
Bando de Arte Livre Van der Ground
Tenho também utilizado o MO_AND com o meu grupo de performance. O Bando de Arte Livre Van der Ground se dedica a pesquisar uma performance anarquista e buscamos referências em Hakim Bey (Peter Lamborn Wilson) e sua proposta de criação de uma Zona Autônima Temporária (TAZ) e também estudamos Artaud, e a geração de forças através da ação cênica. Além disso, utilizamos o Modo Operativo AND como uma ferramenta para investigar os rituais que emergem da relação entre os integrantes do bando. A cada encontro, a primeira e última ação que praticamos é nos colocarmos em Modo Operativo AND, através da prática de jogo. Investigamos assim as ações que se repetem, os pontos corporais que se tocam, os sons que surgem, etc. e quais destes gestos possuem affordance suficiente para a construção de um ritual performático que alcance tanto a materialidade e a virtualidade da duplicidade descrita por Artaud.
CATARINA REAL
Do Sentido: observações sobre Postura, cartografia de deus-Menor em agimento (agir+pensamento)
Dissertação de Mestrado, 2015-2017
Universidade Nova de Lisboa | Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH)
A dissertação corresponde ao trajecto de pensamento operado entre o contacto primeiro com a obra de Maria Gabriela Llansol e a proposta de nomes-afecto como Postura, Sentido e deus-Menor, que se esperam ver como contributo para a longa conversa sobre isto de existirmos juntos ou de podermos ainda efectivar uma poética colectiva que nos dê um chão comum fértil.
(Obs: O Modo Operativo AND é um dos interlocutores convocados na reflexão proposta pelo trabalho)
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CINIRA D’ALVA
O arquiteto habitante: um modo de compor relações
Dissertação de mestrado, 2015
Universidade Federal da Bahia | Faculdade de Arquitetura
(orientação de Washington Drummond; co-orientação de Paola Berenstein Jacques)
Partindo de uma problematização dos modos de ação do arquiteto-urbanista e da constatação da despotencialização de ferramentas importantes para a construção coletiva da cidade, propõe-se a investigação do Modo Operativo AND como possível desvio ao modo de operar hegemônico no campo da arquitetura e urbanismo. Em um primeiro momento, através de uma aproximação ao método arqueológico de Michel Foucault, faz-se uma análise histórico-crítica de como se constituiu a atitude dominante de relação saber-poder na prática arquitetônica urbanística e como se deram as rupturas mais significativas nesta atitude. Em um segundo momento, recorrendo a novos tipos de prática do pensamento, investiga-se as possibilidades que o encontro com outros campos do conhecimento pode oferecer.
FERNANDO MARQUES FINAMOR
Composição em Tempo Real e Modo Operativo AND: Intuição e Criatividade na Composição Coreográfica
Trabalho de Conclusão de Curso, 2016
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - Escola Superior de Educação Física, Fisioterapia e Dança - ESEFID - Licenciatura em Dança (orientação de Luciana Paludo)
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Composição em Tempo Real, Modo Operativo AND e a Hipótese dos Marcadores-Somáticos
Artigo de Conclusão de Pós-Graduação, 2017
Universidade Federal da Bahia - UFBA - Escola de Dança - Programa de Pós-Graduação em Dança - PPGDança - Curso de Especialização em Estudos Contemporâneos em Dança (orientação de Gilsamara Moura)
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Partindo de uma experiência com João Fiadeiro no Colégio das Artes, na Universidade de Coimbra, fiquei intrigado com a Composição em Tempo Real e o Modo Operativo AND. A partir daí, comecei a investigar possíveis ligações dos métodos com outros campos (que se interlaçam e se relacionam), chegando a traçar uma possível linha de influências (suposta de minha parte, e que abarcou as Vanguardas Artísticas que possibilitaram o surgimento da Performance Art, Anne Bogarth, Antonin Artaud, o Judson Dance Theater e Viola Spolin), e procurando encontrar "pistas" que pudessem elucidar como a intuição e a criatividade apareciam no desenvolver dos "jogos". Busquei conceitos de algumas áreas e, em especial, interessei-me muito pela Hipótese dos Marcadores-Somáticos, conforme proposta por António Damásio, assunto que desenvolvi no segundo trabalho. Para poder investigar os temas, organizei uma oficina (workshop), além de participar, em duas oportunidades, de encontros com a Fernanda Eugenio. Atualmente, continuo utilizando o Modo Operativo AND em minhas pesquisas de relacionamento e movimento, desenvolvidas em Porto Alegre (Brasil).
IACÃ MACERATA
Traços de uma clínica de território: intervenção clínico-política na Atenção Básica com a rua
Tese de Doutorado, 2015
Universidade Federal Fluminense | Instituto de Ciências Humanas e Filosofia | Programa de Pós-Graduação em Psicologia
(orientação de Eduardo Passos)
O trabalho propõe a noção de uma clínica de território pensada como um modo de atualizar a intervenção clínico-política no contemporâneo. Tal intervenção é pensada em um campo de práticas específico: o campo das políticas públicas de saúde, e especificamente a Atenção Básica a saúde, a partir do atendimento das chamadas populações em situação de rua. A noção de clínica de território foi construída a partir de uma experiência de intervenção do autor, como componente de uma equipe de saúde para população em situação de rua, conhe- cida como POP RUA, experiência realizada no Centro da cidade do Rio de Janeiro, de 2010 a 2011. Posteriormente, a pesquisa desta tese foi realizada com a mesma equipe, entre os anos de 2012 e 2014, sendo denominada uma pesquisa-apoio de perspectiva cartográfica. Tal investigação consistiu em construir um espaço de pesquisa junto aos trabalhadores do POP RUA, e produzir conhecimentos acerca do cuidado em saúde praticado por estes, dando ele- mentos para a construção desta tese, e também, produzindo um documento de autoria conjunta entre pesquisadores e trabalhadores de diretrizes e metodologias de sua prática. A noção de clínica de território problematiza e propõe noções e modos de operar a clínica no campo da Atenção Básica em saúde, pensando a prática clínica a partir do cuidado em saúde com o território existencial da rua não como uma especialidade, mas como uma situação analisadora das práticas de saúde e práticas sociais na cidade. O Modo Operativo AND entra como chave de leitura e eneunciação da prática de cuidado (clínica de território) pesquisada e do modo como a pesquisa foi realizada.
Link para a tese na íntegra:
LÍRIA DE ARAÚJO MORAIS
Corpomapa: o dançarino e o lugar na composição situada
Tese de doutorado, 2015
Universidade Federal da Bahia | Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas
A tese intitulada “corpomapa: o dançarino e o lugar na composição situada” trata-se do estudo teórico-prático da relação compositiva entre o dançarino e o lugar. Corpomapa é um conceito, criado durante a pesquisa, que reúne planos de relações possíveis entre o dançarino quando compõe interessado nos aspectos do lugar em qual decide criar. A composição da dança nesse caso é situada, feita sempre a partir de/com um determinado lugar, seja a rua, o palco, um estúdio, uma casa, etc. Nesse sentido, corpo, lugar e composição configuram-se entre três grupos de discussões para todo o texto. O cruzamento com o Modo Operativo AND acontece no quarto capítulo, onde se discute os aspectos compositivos com mais ênfase. A partir da prática do jogo AND, da realização de entrevistas
com os criadores do modo operativo e do estudo do glossário durante a pesquisa, foram escolhidas quatro palavras-conceito: Reparar, Posição, Affordance e Secalharidade. Essas ideias ajudaram a constatar, dentre outras coisas, que dançarinos implicados no modo de compor “em relação a” aquilo que está ao redor precisam lidar com vetores de atenção que acompanham o desdobramento da composição e, ao mesmo tempo, reconhecem seu próprio estado corporal nessa situação.
Tese na íntegra:
Vídeos:
Processo – Ladeira de Chuva –
Trechos - Chão Adentro –
MARLON JONAS DE OLIVEIRA LIMA
AND App: O Modo Operativo AND em um ambiente colaborativo web
Dissertação de Mestrado, 2017
Universidade Federal do Paraná | Programa de Pós-graduação em Informática
(orientação: Laura Sánchez García; co-orientação: Fernanda Eugenio)
Este trabalho aborda o desenvolvimento do AND App, o protótipo de uma aplicação web de caráter colaborativo que estende o potencial do Modo Operativo AND permitindo que suas oficinas sejam realizadas com participantes geograficamente distantes. O Modo operativo AND é uma metodologia para a tomada de decisão responsável, para a improvisação de soluções contingentes sustentáveis e para a composição colaborativa sem liderança centralizada. Ele pode ser praticado por meio de um jogo de tabuleiro de escalas variáveis, no qual os jogadores colaboram entre si para a construção de um espaço coletivo. Esta construção ocorre por meio da introdução, manuseio ou remoção de materiais quotidianos diversos em um espaço previamente estabelecido. Essa prática permite a cada jogador perceber os seus próprios padrões comportamentais, contribuindo para o desenvolvimento de capacidades de auto regulação emocional, de auto-gestão da atenção, de tomada de decisão e execução consequentes. O AND App foi desenvolvido para auxiliar nessa atividade de composição colaborativa. Para realizar a transposição do jogo realizado nas oficinas do Modo Operativo AND para o meio digital, centralizamos todas as ações de manuseio de materiais em um único usuário, responsável por organizar e executar as ações do jogo. Os jogadores podem acompanhar o desenvolvimento do jogo por meio de um vídeo transmitido para todos os participantes por uma aplicação de videoconferência. O Google Hangouts foi adotado como solução de videoconferência, e uma aplicação de troca de mensagens foi desenvolvida para ser utilizada de forma paralela à aplicação de videoconferência. Por meio dela os jogadores podem enviar mensagens de texto contendo instruções de uma posição para o usuário responsável por executar as ações. Após o encerramento da partida os participantes podem consultar todas as posições realizadas, facilitando uma discussão posterior ao jogo.
O trabalho realizado foi elaborado no formato de uma dissertação e apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Informática, setor de Ciências Exatas, da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Informática. Com área de concentração em Ciência da Computação.
MILENE LOPES DUENHA
Quando ética e estética se entrelaçam inventando modos de arte e vida: a presença do artista como possibilidade de com-posição
Doutorado em andamento, 2014-2018
Universidade do Estado de Santa Catarina | Programa de Pós-graduação em Teatro
(orientação de Flávio Augusto Desgranges Carvalho; co-orientação de Sandra Meyer Nunes)
Nessa pesquisa de doutorado se aborda a relação entre ética e estética considerando seus possíveis entrelaçamentos a partir da percepção da presença do artista como tomada de posição-com, aqui nomeado como um ato de com-posição sob a perspectiva do Modo Operativo AND, uma metodologia transversal de investigação e convívio colaborativo. A atenção às implicações éticas do fazer artístico, e sua consequente contaminação nos modos de fazer das artes presenciais se dá por meio um mapeamento que inclui práticas artísticas como as de: Rodrigo Braga, Eleonora Fabião, Iván Prado, Tania Bruguera, Francis Alÿs, dentre outros; teorias e práticas como as desenvolvidas por: Fernanda Eugenio, João Fiadeiro, Bruno Latour, Virgínia Kastrup, Jacques Rancière, dentre outros; e experimentação e desenvolvimento de conceitos como apresentado na prática do coletivo Mapas e Hipertextos de Florianópolis – SC. A proposição desse trabalho é voltada a um refinamento da percepção e à busca de formas de se potencializar as relações, e a própria vida, ao tomar por referência uma ética dos afetos baseada na filosofia de Bento Espinosa.
Artigos directamente relacionados ao MO_AND:
Entre-modos. Um jogo de re-perguntas à volta do Modo Operativo AND
Ana Dinger, Fernanda Eugenio e Milene Duenha
Potências da Presença no Terreno Movediço de Co-incidências
Francisco Gaspar Neto e Milene Lopes Duenha.
Dissertação de Mestrado:
Presença e (em) relação: a potência de afeto no entre corpos
Milene Lopes Duenha - Dissertação de mestrado
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Presença que não se Faz Só: potências de afeto no ato de com-por entre corpos
Milene Lopes Duenha e Sandra Meyer
Brasil em Jogo: Futebol, arte e política em campo
Cassiana dos Reis Lopes, Everton Lampe de Araujo, Milene Lopes Duenha e Paloma Bianchi
Modos de composição em artes presenciais: políticas inventivas nas ações modulares do Coletivo Mapas e Hipertextos
Milene Lopes Duenha, Paloma Bianchi, Raquel Purper
A potência transformativa dos encontros: eficácia e presença partilhada em territórios movediços da arte
Cecília Lauritzen e Milene Lopes Duenha
Presença compartilhada na arte: a potência transformativa dos encontros.
Milene Lopes Duenha
O Risco e o Afeto: consideração sobre a presença na escrita da Carta Dança do Grupo Cena 11 de Florianópolis
Milene Lopes Duenha
Portfólio:
NAIÁ DELION
An unexpected realization realizes a delay
Vídeo, 2012
Residência no AND Lab, com o apoio do Edital de Intercâmbio e Difusão do Ministério da Cultura MinC-Brasil
O vídeo desenvolvido por mim no contexto do Projeto AND_Lab, na altura sediado no Atelier Real e coordenado por Fernanda Eugenio e João Fiadeiro, partiu de uma experiência de deriva pelas ruas de Lisboa. A partir dos afetos experimentados nesta caminhada e dos princípios do modo Operativo AND trabalhados no workshop Handling_Craft, construímos um enunciado que serviu como orientação para uma conversa entre mim e o coreógrafo João Fiadeiro. Desta conversa, surgiu a idéia/desejo de me colocar em situações de imprevisibilidade, como a própria deriva pela cidade. Foram filmadas então, mais duas caminhadas, em Lisboa e em São Paulo. O objetivo destas caminhadas era captar um determinado comportamento, o qual chamamos de delay, onde a minha reação aos acontecimentos acontecesse de maneira mais prolongada, uma resposta que não é dada imediatamente, e que leva um tempo para acontecer, mas um tempo dilatado.
Site do projeto:
SILVIA PINTO COELHO
Corpo, Imagem e Pensamento Coreográfico, Da Pesquisa Coreográfica Enquanto Discurso: Os Exemplos de Lisa Nelson, Mark Tompkins, Olga Mesa e João Fiadeiro
Tese de doutoramento, 2016
Universidade Nova de Lisboa | Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Comunicação, especialidade Comunicação e Artes.
Repositório online FCSCH, UNL:
Na Casa-Espelho: Propostas de Pensamento Coreográfico
Artigo, 2016
Cadernos GIPE-CIT nº36, Processos Criativos: Educação Somática e Afetos. Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Contemporaneidade, Imaginário e Teatralidade, Universidade Federal da Baía, Brasil
A Casa-Espelho, ou the Looking-Glass House, é um lugar do outro lado do espelho da sala de Alice, em Alice do outro lado do espelho (CARROLL, 1971). Um estúdio de dança, ou uma “casa-espelho”, espelha claramente o dispositivo de palco: muitas vezes tem espelhos, ou câmaras, ou frentes assinaladas por cadeiras, um apelo a ver de fora. Num estúdio, pode ser traçada uma linha que separa a parte que está dentro da parte que está na periferia da atenção. O centro de uma acção que trabalha, por exemplo, em forma de jogo, ou de exercício coreográfico. Um estúdio de ensaio pode ser uma espécie de “máquina de reflexão”, um laboratório de testar, ou de ensaiar potências, onde se constroem maquetes de realidade, e se observam, “à lupa”, determinadas relações. O percurso de Alice do outro lado do espelho ajudou-me a pensar nalgumas possibilidades coreográficas enunciadas pelos coreógrafos: Lisa Nelson, Mark Tompkins, João Fiadeiro e Olga Mesa, durante a escrita da minha tese de doutoramento (COELHO, 2016). Por exemplo, uma das ressonâncias encontradas na relação entre Alice do outro lado do espelho (CARROLL, 1971) e o texto Before your eyes seeds of a dance practice de Lisa Nelson (2003) tem que ver com as possibilidades do espelho, as inversões. Uma outra aparece com a velocidade, a terceira com a queda, e a quarta com a possibilidade de acreditar e de testar as potências do que, à partida, parece impossível. Esta última relaciona-se, talvez, também com a acção do “infinitamente improvável” de que fala Hanna Arendt citada por Lepecki (2011), em “Coreopolítica e coreopolícia”.